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Dos cardápios feitos no computador ao magistério: Kristian Capeline acumula 30 anos em TI

Com carreira que percorre as salas de aula dos cursos de tecnologia, professor é expoente no estado, associado há quase duas décadas da Assespro-PR/parceria ACATE

Se por um lado falta mão de obra especializada, por outro a tecnologia avança vertiginosamente, ultrapassando limites. A corrida entre profissionais que querem chegar lá e a inteligência artificial parece desigual e, sob alguns pontos de vista, até é. Para o professor Kristian Capeline, 44 anos, as surpresas e as inconstâncias são o grande sabor da jornada. Basta estar preparado, afirma.

Professor e coordenador de diversas graduações na área de TI no Paraná, Kristian sempre foi um apaixonado por tecnologia. Adolescente, começou sua imersão neste universo infinito gerando cardápios de restaurantes em um computador CP-500, um dos primeiros nacionais, sucesso nos anos 80.

Estudou, aprimorou seu gosto pelo mundo digital e hoje é um dos expoentes no estado, também referência na Assespro-PR/parceria ACATE, entidade que representa o segmento, onde é associado há 18 anos, e há seis desenvolve a função de Diretor Adjunto de Políticas Educacionais. O profissional foi empossado em abril no Conselho Municipal de Inovação, Ciência e Tecnologia, em Curitiba, e atua como consultor sobre Processos de Gestão e Governança para setores de TI.

“A cada segundo, a dependência das empresas e da sociedade em relação ao setor de TI aumenta, e a tendência é crescer ainda em maior velocidade. Assim, continuo com minha opinião de mais de 30 anos no setor inabalável: TI é a profissão do futuro”, sublinha.

Mas nem tudo são flores. Embora o mercado careça de profissionais, a transferência de funções pode ser um problema, na visão do empreendedor em tecnologia.

“Várias empresas estão adotando em larga escala uso de IA para realizar tarefas que até então eram de responsabilidade de pessoas. Já tenho visto demissões por esse motivo, e só estamos no começo. Muito mudará em um curto espaço de tempo, e as empresas precisam adotar as novas tecnologias, mas também repensar as funções de seus funcionários para uma adaptação mais rápida possível”, afirma.

A preocupação está fundamentada. Um estudo feito no ano passado pela ISE Business School e pela Consultoria IDados concluiu que a aplicação de novas tecnologias de automação nas empresas pode ajudar a extinguir, em cerca de 20 anos, mais da metade das ocupações existentes hoje no país. Por outro lado, dar “vida” a todo processo de operação digital ainda vai depender da intervenção humana. E, neste sentimento, a caminhada está apenas no começo.

“As instituições de ensino superior ainda não conseguem formar alunos em uma quantidade nem perto da necessária. Muitas empresas de fora do Brasil têm contratado nossos talentos. Assim, movimentos como Low Code [que permitem que desenvolvedores e usuários criem aplicativos personalizados com menos ou nenhum código tradicional] podem agilizar o processo para termos mais profissionais ingressantes na área. Precisamos recrutar quem seja fluente em uso de inteligência artificial, tanto para se adaptar às empresas quanto para incluir essas práticas em empresas que estejam mais atrasadas”.

As mulheres estão cada vez mais presentes em praticamente todas as áreas do mercado, inclusive as de contabilidade, administração, economia e engenharia, as quais, até pouco tempo atrás, eram soberanamente masculinas. Contudo, na tecnologia da informação, há desigualdade salarial e de oportunidades.

No Brasil, um estudo da Revelo, publicado em novembro de 2022, aponta que mais de 87,7% dos desenvolvedores são homens; enquanto o público feminino representa apenas 12,7% dos profissionais de tecnologia. Mas engana-se quem pensa que esta situação é exclusiva do Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma pesquisa do National Girls Collaborative Project mostra que, enquanto as mulheres são maioria nos cursos de bacharelado em Psicologia, Biologia e Ciências Sociais, na área da Ciência da Computação só 20% dos diplomas são entregues a elas.

Talentos de todas as fronteiras são muito bem-vindos. De novo, para Kristian, o avanço digital precisa dar marcha ré e, na estrada, recuperar a valorização feminina. “Reconhecimento e valorização feminina na área são necessários. Não somente por uma necessidade de aumento de profissionais na área, mas por uma questão de aproveitamento de skills diferentes dos masculinos e competências que as mulheres têm em todas as atividades da área de TI”, destaca, citando como referência a presidência da Assespro-PR, pela primeira vez em 40 anos, sob a batuta de uma mulher. Josefina Gonzalez assumiu a entidade em dezembro de 2022 e tem como uma das bandeiras a mescla de talentos e o protagonismo feminino.

Trinta anos após sua entrada na vida digital, Kristian certamente ainda tem um prato especial, escolhido ainda quando era só um adolescente e montava cardápios de restaurante atrás de um pesado, e agora arcaico, computador. A receita? Nem precisa de sete chaves para ser bem guardada. Basta uma senha, ou uma nuvem.

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