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Bitcoin completa 10 anos; Um breve retrospecto da criptomoeda mais famosa do mundo

Do anonimato para os escombros do Silk Road até ser negociada na bolsa de valores, a moeda digital fez um longo caminho para mudar o mundo; Mas afinal, o que podemos esperar do bitcoin?

bitcoin completou nesta semana 10 anos de idade. Desde a sua criação muito se especulou sobre a mais famosa criptomoeda, seu valor deixou a insignificância para bater os recordes 20 mil dólares em dezembro de 2017 e a moeda, que já foi usada para pagar ilegalidades na Deep Web, hoje tem contratos futuros negociados em bolsas de valores. Fazer uma retrospectiva sobre o bitcoin não é tarefa simples, afinal a moeda ainda é controversa e a tecnologia que a sublinha – o Blockchain – tem conquistado uma série de indústrias e, não por menos, servido de alerta por outros especialistas. Como toda tecnologia emergente, há prós e contras. Louvores e críticas. Mas vamos por partes. Na lista abaixo, jogamos um pouco de luz ao passado do Bitcoin para lembrar por que essa moeda digital mudou muita coisa e, bem, por que ela promete muito mais.

Como tudo começou

O dia 31 de outubro de 2008 marca a data que alguém sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto encaminhou um artigo acadêmico para uma lista restrita de e-mails em que descrevia o desenho para uma nova moeda digital chamada bitcoin. Nele, o autor explicava a ideia de minerar uma quantidade limitada da moeda através de uma rede peer-to-peer (pessoa para pessoa) e que não dependia de um banco, tampouco um governo ou autoridade central. O documento reforçava que mesmo quando as pessoas começassem a transacionar em bitcoins, o governo não conseguiria intervir, dada à natureza de sua tecnologia.

 A ideia de uma moeda digital longe das mãos de um governo e de grandes bancos não era nova na época, claro. Desde o surgimento da Internet e do movimento Cyberpunk, nos anos 1990, defendia-se a ideia do dinheiro “livre”. Mas todo esforço caía no obscurantismo da simples inviabilidade. Nakamoto conseguia, então, resolver um dos desafios centrais de uma moeda criptografada que envolvia algo chamado gasto duplo (double spending), quando as transações podem ser copiadas e gastas duas vezes. A solução vinha na forma do blockchain, o protocolo de confiança do bitcoin, onde cada transação é auditada e confirmada pelo próximo bloco aberto a todos da comunidade de mineradores. Usuários dessa comunidade dispostos a colocar o poder de processamento de suas CPUs para rodar o software manteriam o blockchain coletivamente. Nesse processo, também iriam gerar a nova moeda. Aos poucos, o bitcoin deixava uma rede limitada de mineradores para se tornar um verdadeiro fenômeno global.

Até hoje nunca se confirmou a identidade de Satoshi Nakamoto. A imprensa internacional sempre esteve em seu encalço, com revistas como a Newsweek tendo afirmado que havia, finalmente, descoberto quem era Nakamoto. Uma reportagem de 2014 do título em questão dizia que Nakamoto, supostamente, vivia uma vida humilde na ensolarada Califórnia. Já em 2016, um empresário australiano veio a assumir os créditos de que ele, Craig Wright, era Satoshi. Estamos em 2018 e ainda muito se especula sobre o verdadeiro “pai” ou “mãe” da moeda digital. Muitos ainda acreditam que, na verdade, não se trataria de uma pessoa somente, mas sim várias cabeças pensantes que confabularam para parir a moeda.

 A moeda perfeita para o crime?

Por muitos anos, a reputação do bitcoin não foi das melhores. Isso se dava porque a criptomoeda reinava entre as transações do Silk Road, o mercado virtual de drogas operado na Deep Web. Inaugurado em 2011, o serviço foi derrubado pelo FBI dois anos depois e seu criador, Ross William Ulbricht, condenado à prisão perpétua. Parte da fortuna de Ulbricht se “materializava” em bitcoins. Na ocasião de sua prisão, reportou-se que um laptop dele, apreendido, tinha mais de US$ 18 milhões em criptomoeda. Para além do financiamento do tráfico de drogas, o bitcoin – dada ao seu anonimato –  também brilhava aos olhos de quem queria lavar dinheiro. No Brasil, houve até caso de sequestro – físico -, em Santa Catarina, onde bandidos pediram bitcoins pelo resgate de uma vítima. Episódios de ataque de ransomware também, comumente, pedem quantias de bitcoin ou outras moedas digitais em troca de liberar arquivos do computador.

Mas apesar de ter dado uma reputação ruim ao bitcoin foi exatamente o cibercrime que jogou luz e fama à criptomoeda. “Foi o Silk Road que fez o bitcoin se tornar conhecido. Autoridades e jornais começaram a prestar atenção, a cobrir. Por isso, muito se associa a imagem negativa à moeda. Mas antes, o Silk Road tinha o dólar como moeda de transação e nem por isso a moeda americana ficou com a conotação negativa”, lembra Tatiana Revoredo, especialista em Blockchain e uma das fundadoras da Oxford Blockchain Foundation. Quando o Silk Road fechou, o preço do bitcoin caiu vertiginosamente e ficou dois anos até voltar ao patamar de 1 mil dólares.

Em 2014, muitas iniciativas e empreendedores viram no bitcoin uma oportunidade para lançar novos negócios. Surgiam casas de câmbio da moeda e até mesmo a Dell começou a aceitar bitcoins na compra de PCs em seu site. Mas no mesmo ano, aquela que já foi a maior corretora de bitcoins, a japonesa Mt. Gox, fechou as portas após sofrer suposto ataque hacker que teria roubado 850 mil bitcoins. Vale lembrar, entretanto, que o fundador da companhia, Mark Karpeles, foi acusado de movimentar dinheiro de contas de clientes para contas próprias. Ele foi preso em Tóquio em 2015.

Uma corrida pelo novo ouro

2017 talvez tenha sido o ano que mais se falou sobre bitcoin. A moeda deixou o patamar de US$ 6 mil em outubro do ano passado para saltar para quase 20 mil dólares em dezembro do mesmo ano. A alta também se dava, em parte, porque importantes bolsas de valores sinalizavam interesse em negociar o ativo para, eventualmente, lançarem contratos futuros de bitcoin, entre elas a bolsa de Chicago. O bitcoin tomou os noticiários e casos de pessoas que deixavam os seus empregos para só investirem em bitcoin surgiram, assim como os relatos de personagens frustrados por terem perdido as chaves de suas carteiras digitais.

Ao mesmo tempo, governos começaram a pressionar o mercado e a ideia de regulação começou a criar teias nos sonhos dourados de muitos investidores. É certo que, em 2018, a volatilidade da moeda começou a dar espaço para uma estabilidade. Altos e baixos não são fazem mais tantas manchetes e, para muitos, o bitcoin agora caminha para ter um valor mais estável, uma espécie de reconciliação entre o valor intrínseco da moeda e o valor de mercado.

O maior trunfo do bitcoin? O Blockchain

Mas de todas as garantias que o bitcoin trouxe, talvez a que mais foi generosa é a tecnologia que o sustenta: o blockchain. A cadeia de blocos, a mesma que confere o protocolo de confiança do bitcoin, tem sido desenvolvida e aplicada por diferentes empresas que veem na solução uma forma de auditar desde documentos até mesmo a garantir a idoneidade de um voto digital. O aumento de interesse pelo blockchain, inclusive, ajudou na valorização da própria moeda.

E o que esperar do futuro do bitcoin?

A criptomoeda mais famosa do mundo pode ter completado dez anos em 2018, mas ainda falta muito para ela se desenvolver. Nem de longe, ela chegou ao mainstream,  Uma reportagem da Bloomberg do ano passado indicava que 40% do mercado de bitcoin estava nas mãos de aproximadamente 1 mil pessoas. A mesma concentração que pode ser responsável por uma queda abrupta da moeda. Na mesma época, o economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de 2001, tecia duras críticas à criptomoeda, pedindo o seu banimento. Em entrevista para a Bloomberg, o especialista afirmou que o “Bitcoin só é bem-sucedido por conta do seu potencial para fraudes e falta de supervisão”. “É uma bolha que dará muitas emoções para muitas pessoas à medida que sobe e desce”, disse na época.

 É certo de que o bitcoin não se tornou uma “simples moeda de troca” e está longe de substituir as moedas “oficiais” de países. Pouco mais de 13 mil empresas no mundo aceitam a moeda como forma de pagamento. Com a popularidade do bitcoin, outras criptomoedas surgiram nos últimos anos, tentando reproduzir o mesmo efeito que a primeira. Para todos os efeitos, Tatiana Revoredo aposta que o bitcoin e criptomoedas são o futuro, um caminho irreversível.

“Mentes brilhantes trabalham ainda para desenvolver o bitcoin”, ressaltou a especialista lembrando que parte da “popularização” da moeda também depende dessa evolução. “Blockchain e criptomoedas vieram para ficar. As duas vão impactar não apenas o setor econômico, mas modelos de negócio, a forma como as pessoas transacionam valores, vai impactar governos. Falam muito sobre o blockchain ser um livro de registro, para mim é mais que isso, é uma arquitetura que vai impactar a sociedade como todo”.

Hoje, 31 de outubro de 2018, 1 bitcoin é cotado em US$ 6.301 dólares, cerca de R$ 23,455 . Estima-se que o limite máximo de bitcoins é 21 milhões, número definido pelo algoritmo do Bitcoin. E se você ainda pode ficar rico ou rica com a moeda? Bem, é uma aposta a se fazer quando já se tem muito dinheiro.

Fonte: IDGNOW.

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