PUC-Rio cria Instituto em IA; quais os reflexos para o consumo?
O Senado Federal aprovou o Marco Regulatório para a Inteligência Artificial (Projeto de Lei nº 2.338/2023) no dia 10 de dezembro. Esse foi um importante passo na regulamentação do uso da IA.
De um lado, a informação que o Brasil terá déficit de 530 mil profissionais de tecnologia até ano que vem, conforme estudo do Google. E de outro, a PUC-Rio inaugurou no dia 11/12 o primeiro Instituto de Ensino e Pesquisa em Inteligência Artificial do país.
Mas, como a inauguração do Instituto de Ensino e Pesquisa em IA da PUC-Rio pode impactar o mercado de trabalho? E, por consequência, as relações consumeristas? É o que veremos hoje.
Graduação em IA
Em primeiro lugar, a instituição proporcionará um curso de bacharelado em Inteligência Artificial com duração de quatro anos, já para o segundo semestre de 2025. O projeto contempla a construção do Edifício Behring, que terá 3,3 mil metros quadrados. O espaço será destinado a salas de aula, laboratórios modernos e um auditório – o maior da universidade. A responsabilidade pela execução do edifício foi atribuída à Bernardes Arquitetura. O escritório assumiu o projeto de forma pro bono (possui como principal objetivo retorno positivo para a sociedade).
Para a graduação, a expectativa é oferecer 100 vagas anuais e um sólido programa de bolsas de estudo. Nesse ínterim, a ideia é contar com um centro de pesquisas avançadas na área. Para viabilizar essa iniciativa, a universidade receberá a maior doação individual desde a sua fundação em 1940. Ao todo, a Fundação Behring destinará à universidade o montante de R$ 35 milhões.
A Fundação Behring é uma organização filantrópica dedicada ao desenvolvimento do Brasil através da educação em tecnologia para jovens.
Pioneirismo
O Instituto de Inteligência Artificial da PUC-Rio será pioneiro no Brasil totalmente voltado para a IA, com ênfase nas implicações éticas e socioeconômicas. A proposta abrange a formação de um ambiente interdisciplinar que reunirá estudantes e pesquisadores de alta qualidade.
A criação do Instituto em IA na PUC-Rio representa um marco significativo para a formação de profissionais qualificados, óbvio. A iniciativa contribui também para o desenvolvimento de soluções inovadoras que podem transformar diversos setores da economia. A ampliação do conhecimento em IA irá capacitar novos especialistas que poderão aplicar essa tecnologia em contextos práticos. Ou seja, otimizando processos, melhorando a eficiência e, consequentemente, influenciando o consumo de maneira mais direta.
Reflexos no consumo
Com a formação de novos talentos em IA, é de se esperar um aumento na capacidade de desenvolver produtos e serviços baseados em IA. Nesse sentido, a expectativa é que haja experiências mais personalizadas para os consumidores. Isso pode resultar em recomendações mais precisas e relevantes, além de melhorias na interação com plataformas digitais. “Além disso, a pesquisa em IA poderá impulsionar a criação de soluções que analisem comportamentos de compra, permitindo que empresas ajustem suas estratégias de marketing e alcance de forma mais eficaz”, garante Padre Anderson Antonio Pedroso, reitor da PUC-Rio.
O reitor também explica que profissionais capacitados em IA e com uma visão humanística poderão criar soluções inovadoras que atendam às necessidades específicas dos consumidores. “O que, por consequência, promoverá maior engajamento e satisfação”.
Vale destacar que o consumo, como um todo, está sendo muito impactado pela utilização de sistemas de IA em setores como saúde, educação e mobilidade. Por exemplo, no setor de saúde, algoritmos de IA podem ajudar no diagnóstico precoce de doenças. A ideia é melhorar a experiência do paciente e gerar uma demanda por serviços médicos mais alinhados às necessidades individuais. Na educação, personalizações de aprendizado, impulsionadas por IA, tendem a resultar em um processo de ensino mais eficaz e adaptado ao ritmo de cada aluno.
Consumo consciente
Outro benefício, consoante o Padre Anderson, para o consumo, é que a pesquisa em IA certamente impulsionará a criação de ferramentas para análise de comportamentos de compra. “Algoritmos avançados podem ajudar empresas a compreender melhor os padrões de consumo e prever tendências. Essa capacidade poderá aumentar a competitividade das empresas brasileiras, alinhando-as às melhores práticas globais”.
Ademais, a ética em torno do uso da Inteligência Artificial será uma consideração fundamental conforme os consumidores se tornam mais conscientes das implicações dessa tecnologia em suas vidas. Neste sentido, de acordo com o Padre, a responsabilidade dos profissionais graduados na PUC-Rio será não apenas na inovação, mas também na promoção de práticas éticas que considerem a privacidade e a segurança dos dados dos consumidores. Com um corpo de profissionais éticos e formados em IA, espera-se um ambiente mais confiável para a implementação de tecnologias emergentes.
“Em síntese, a formação em IA na PUC-Rio não só atenderá à demanda por competências técnicas no mercado de trabalho, mas também promoverá um avanço significativo na maneira como os consumidores se relacionam com tecnologias, levando a um consumo mais consciente, personalizado e, possivelmente, mais sustentável”, salienta o reitor da PUC-Rio.
“As repercussões esperadas com essa formação estabelecerão um novo padrão de inovação que poderá moldar o futuro do consumo nas próximas décadas”. Tal pensamento pertence a Adriano Krzyuy, presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR).
Perspectivas para o futuro
A criação de um instituto dedicado não apenas à pesquisa, mas também à educação em IA, demonstra um compromisso com a inovação e a integração das tecnologias emergentes nos currículos acadêmicos. “Dessa forma, as instituições de ensino superior em todo o Brasil poderão se inspirar nesse modelo, promovendo aprimoramentos nas suas grades curriculares e incluindo disciplinas que abordem tanto a teoria quanto a prática da IA”, afirmou Adriano Krzyuy. Isso permitirá que os estudantes desenvolvam habilidades cruciais que os preparem para os desafios do mercado de trabalho contemporâneo.
Ademais, a inclusão de cursos de graduação nesta área facilitará a formação de uma nova geração de profissionais especializados, aptos a contribuir em diversas indústrias, como saúde, finanças, educação e tecnologia.
Por consequência, as parcerias entre universidades, empresas e instituições de pesquisa também poderão se intensificar, favorecendo experiências práticas e estágios que complementem a formação teórica dos alunos. Assim, os alunos terão a oportunidade de aplicar seus conhecimentos em projetos reais, criando soluções inovadoras e contribuindo para o desenvolvimento da sociedade.
Motivação
“Diante desse cenário, outras faculdades podem ser motivadas a investir em áreas afins, como Machine Learning, Data Science e Robótica, contribuindo para uma formação mais ampla e diversificada”, destaca o presidente da Assespro-PR.
Ele acredita que a PUC-Rio, ao liderar esse movimento, poderá se tornar um modelo a ser seguido, estimulando o ecossistema de ensino superior a explorar mais profundamente as tecnologias que estão moldando o futuro. “O próprio nome – Instituto de Ensino e Pesquisa em Inteligência Artificial – já indica que ele não apenas promoverá o avanço tecnológico, mas também assegurará que esse crescimento seja alinhado com os valores sociais e éticos, contribuindo assim para um futuro mais sustentável e inovador”.
Complementarmente, eventos acadêmicos, conferências e workshops sobre Inteligência Artificial podem se proliferar, contribuindo para o compartilhamento de conhecimentos e experiências entre especialistas, estudantes e profissionais da área. Isso ajudará na formação de uma comunidade engajada e colaborativa, essencial para o progresso da pesquisa em Inteligência Artificial.