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Juntos Somos Mais! Associativismo em Rede

A Federação Assespro, que completará quarenta anos de existência em 2016, congregando associações regionais, é um modelo que se contrapõe às associações empresariais nacionais únicas que existem na maioria dos países.

Graças a esse ambiente de Federação, geramos experiências e conhecimento que permitiram que a Assespro conquistasse, nos últimos anos, uma posição de destaque nas federações internacionais de entidades empresariais de TI (como a ALETI e a WITSA).

Dado o valor desse conhecimento, há pouco mais de dois anos decidimos registrar esse conhecimento, transformando-o em um livro.

Ao iniciar a organização do conteúdo, entretanto, percebemos que ele pouco tinha a ver com o fato de sermos um conjunto de organizações que reúnem empresas, ou ainda com o fato de tratarmos especificamente de temas relacionados à Tecnologia da Informação.

O ‘insight’ principal é que a essência do processo associativo está na participação voluntária dos membros. Por isso, nossa experiência é aplicável a qualquer segmento de atividade humana, seja ela uma atividade econômica empresarial, a reunião de profissionais especializados ou um conjunto de organizações não-governamentais que se dedicam a uma atividade humanitária.

Os problemas enfrentados por todas essas ‘agremiações’ e as soluções possíveis são muito semelhantes. A prova cabal disso se deu quando da classificação bibliográfica do nosso material: ele foi catalogado como um livro de sociologia. Ainda, percebemos que não há material semelhante disponível.

A elaboração do texto contou com a colaboração de lideranças de mais de quinze entidades empresariais, do Brasil e do Exterior. O conteúdo alterna um texto explicativo que forma a espinha dorsal do conhecimento com artigos (alguns originais e outros republicados) que ilustram sua aplicação na prática.

Nerds ou Idealistas?

A imagem dos profisisonais que atuam no setor de TI é frequentemente estereotipada: a designação de ‘nerds’ gera dificuldades inclusive para atrair novos candidatos a cursos superiores na área. Entretanto, trata-se de um falso mito: a área de Tecnologia da Informação é o setor mais empreendedor na construção de redes associativas voluntárias.

Nenhum outro setor da economia dispõe de um conjunto de federações internacionais. Mais ainda, nenhum outro setor desenvolve sistematicamente eventos para discutir o impacto do que produz sobre a sociedade. Em resumo, somos o oposto do estereótipo – em vez de ‘nerds’ deviam nos taxar de idealistas.

Esse idealismo vem de longa data: o apoio explícito ao estado de direito e à democracia é parte do Código de Conduta da Assespro desde sua primeira versão. E dele nasceu, indiretamente, o conjunto de regras que a ALETI aprovou em 2011 para o caso de haver rompimento do estado de direito em algum dos países membros de ALETI.

O mesmo idealismo levou a Assespro Nacional a trabalhar, desde 2011, para trazer pela primeira vez para a America do Sul, o Congresso Mundial de Tecnologia da Informação (conhecido pela sigla WCIT, em inglês), a ser realizado em Brasília em 2016, cujos direitos foram conquistados em 2012. Essa será uma oportunidade única para interagir com delegações e representantes de quase cem países.

Para concretizar tudo isso, foram necessárias inúmeras viagens internacionais, que levaram representantes da Assespro a cerca de quarenta países diferentes, fazendo valer o ditado ‘viajar é a única despesa que nos enriquece’.

A principal lição aprendida pode ser resumida num aforismo do poeta suíço Gottfried Keller, do século XIX, que diz: ‘Fiquemos com as coisas velhas enquanto forem boas. No entanto, nesse terreno construiremos coisas novas a cada hora’.

Essa mutação das organizações constituídas de forma voluntária é uma constante. O processamento de dados de 1976 era bem diferente da TI de hoje…

Ao mesmo tempo nos perguntamos sobre como mantivemos o entusiasmo, a sustentabilidade, a participação dos membros.

Estruturação

Nossa análise revelou que o processo de criação de Estados Nacionais, regidos por uma Constituição e com separação de poderes, é um modelo adequado para a formulação de Estatutos de entidades. São os Estatutos que determinam quem pode ser membro da entidade, quais seus direitos e obrigações, quem pode se candidatar a determinados cargos e em quais condições, como funcionam os processos eleitorais, etc.

Da mesma forma que Poder Executivo, Legislativo e Judiciário são estabelecidos na busca de um equilíbrio e solidez institucional que permitam lidar com conflitos a nível de país, as associações precisam de mecanismos para lidar com conflitos internos, quando surgirem. Quando esses mecanismos não existem, as associações terminam por interromper suas atividades ou, pior ainda, se fragmentam em duas ou mais novas entidades.

Quando estas entidades operam em rede, a  representatividade geográfica e econômica dos seus membros também é crucial: federações internacionais não podem ter como membros, por exemplo, entidades provinciais.

Princípios

Na nossa visão, a perenidade das associações se baseia, em alguns princípios e valores: participação, transparência, estado de direito, responsabilidade, orientação para o consenso, igualdade e inclusividade, efetividade e eficiência, além de suporte a auditorias externas.

A importância dos valores é consenso entre pensadores de ‘cores’ tão diferentes como Rudyard Kipling (‘Os princípios são os princípios, nem que o sangue tenha que correr pelas ruas’), Mahatma Gandhi (‘Sete pecado sociais: política sem princípios, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício’) e Dwight Eisenhower (‘O povo que coloca seus privilégios acima de seus princípios, logo perde ambos’). Ou seja, podemos afirmar que o posicionamento dos princípios não é uma posição ideológica ou política, mas estruturante.

Uma vez enunciados claramente os princípios, simplifica-se definir os papéis que a entidade deve cumprir no relacionamento com cada segmento onde ela está presente (associados, governo, sociedade, etc.)

Iniciativas

Dessas definições surgem iniciativas como a criação de manuais com conteúdo específico (p.ex. um guia tributário para as empresas associadas), ou relatórios comparativos das políticas públicas entre países. Se cada associação membro da federação tivesse que elaborar esses materiais, o custo total seria muito maior. Pior, para os membros menores seria inacessível.

Os temas que podem ser cobertos é muito maior que isso, porém: no mundo da TI, a sua transversalidade, que influencia todas as atividades humanas (econômicas, sociais, de lazer e entretenimento) é muito relevante. A formação de Recursos Humanos para sustentar a atividade de interesse é comum a qualquer entidade.

Outras ações coletivas desenvolvidas costumeiramente incluem o trabalho de marketing e de relações públicas (p.ex. imprensa), a geração de estatísticas sobre o setor ou atividade (que são essenciais para o relacionamento com os governos).

Ainda, processos judiciais coletivos (a custos menores) ou em instâncias superiores da Justiça (inacessíveis individualmente, como ações de inconstitucionalidade), são exemplos adicionais do trabalho desenvolvido.

Conclusão

Definimos o ‘princípio básico do associativismo’ como: “trabalhamos juntos para conseguir aquilo que sozinhos não nos é possível atingir”. Por isso, “Juntos Somos Mais!”

E estamos juntos porque queremos (não porque alguém nos obrigue).

Autor: Roberto Carlos Mayer – Diretor da MBI, Diretor de Comunicação da Assespro Nacional e Presidente da ALETI (Federação das Entidades de TI da América Latina, Caribe, Portugal e Espanha).

Acesse aqui o livro “Juntos Somos Mais: Um manual de boas práticas para redes de associações”.

Veja também:

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