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Conheça a história de sucesso de Gisselle Ruiz Lanza: primeira mulher a assumir a diretoria geral da Intel Brasil.

Conheça a história de sucesso de Gisselle Ruiz Lanza, diretora geral da Intel Brasil: a primeira mulher a assumir a função no país e uma das poucas no mundo!

Ela começou a carreira no setor de tecnologia da informação (TI) na Argentina, ainda no operacional, e ao longo de 20 anos foi crescendo e desempenhando diversas funções na empresa, tendo passado também pelo México e ficado por 15 anos no Brasil.

Foram mais de duas décadas na área de TI e na Intel, atuando em diversas posições, incluindo o cargo de diretora de varejo e consumo, que ocupou desde 2012, até virar a diretora geral da Intel Brasil, em novembro de 2019.

Na entrevista, concedida à Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no Paraná (Assespro-PR) e à coluna “Mulher na TI” organizada por Ana Lúcia Bittencourt Starepravo, diretora de mullheres na tecnologia da entidade, Gisselle Ruiz Lanza dá dicas para as mulheres enfrentarem os desafios do mercado, ultrapassarem barreiras limitantes e se destacarem em suas profissões, incluindo a área de tecnologia. São lições de encorajamento para que elas possam atingir sucesso e liderança em suas carreiras.

Assespro-PR: Você possui mais de 20 anos de experiência no setor de tecnologia e atuação em diversos países. Conte-nos um pouco sobre sua formação, carreira e por qual razão escolheu a área de TI.

Gisselle: Antes de mais nada, eu sinto que a tecnologia me impulsiona e isso serviu como tração ao longo de toda a minha carreira. Hoje, não é tão comum ver pessoas ficando tantos anos na mesma empresa, mas ao longo da minha história, acredito que eu e a Intel estivemos alinhadas em muitos momentos e por isso que sempre escolhi ficar. A cultura da empresa e seus valores convergem com os meus valores pessoais e isso foi imprescindível para eu escolher ficar.

Outro ponto importante que contribuiu para essa relação tão duradoura foi a motivação: eu sempre estava conhecendo algo novo. Pude, ao longo dessas mais de duas décadas, viver em diferentes países, ter contato com várias culturas e trabalhar em departamentos com processos, rotinas e objetivos distintos. 

Além disso, não posso dizer que a Intel em que eu comecei é a mesma Intel dos dias de hoje. Ela mudou. O mundo mudou. Eu às vezes acho que até trabalhei em empresas diferentes por conta de todas as mudanças que vivi dentro da Intel. E isso para mim foi essencial para continuar me reinventando enquanto pessoa e enquanto profissional. E à medida que eu ia avançando na minha carreira e a empresa evoluía, eu me comprometia a continuar e a trabalhar nela. 

Algo que também me ajudou bastante durante minha carreira e contribuiu para eu chegar onde estou hoje, foi sempre contar com uma rede de apoio, com pessoas que me inspiraram, me incentivaram e me ajudaram a crescer e manter o foco. Isso foi primordial para que eu pudesse amadurecer e evoluir durante toda a minha trajetória profissional. Por isso, devemos incentivar cada vez, dentro das empresas, a criação de ambientes diversos e acolhedores para todo e qualquer profissional.

Dentro da Intel, por exemplo, temos uma política inclusiva forte com um plano de carreira para cada um de nossos colaboradores e para incentivar o crescimento e o desenvolvimento de profissionais de todas as áreas e isso deve ser adotado em todas as empresas. Porém, mesmo assim, é importante cada funcionário criar o seu plano pessoal.

Um conselho que procuro propagar entre jovens e mulheres que desejam entrar para a área de tecnologia é: crie um plano pessoal, com uma meta clara e foque no seu objetivo para atingir suas conquistas!

Assespro-PR: Você passou por diversos países da América Latina na sua vida profissional. Qual a sua impressão da inserção das mulheres na área de tecnologia nesses países e as principais diferenças quando comparamos com o Brasil?

Gisselle: Hoje, falar sobre inclusão e diversidade não é falar apenas sobre gênero. É sobre as características únicas que nos tornam quem somos como gênero, raça, idade, orientação, entre outras. É o conjunto de experiências que nós tivemos que cria nosso repertório e nos possibilita ter uma perspectiva diferente sobre o mesmo ponto.

Globalmente, as mulheres ainda são apenas 17% dos que estudam nas áreas do STEM – sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. E desses 35%, apenas 20% chegam efetivamente ao mercado de trabalho em TI. Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), só 20% dos profissionais que atuam no mercado de TI são mulheres. 

E quando olhamos para a liderança, os números não são tão animadores: 14% dos CEOs das grandes empresas são mulheres; e apenas 7% da mulheres são chefes de estado no mundo. E esses dados configuram parte do empecilho que temos hoje. Precisamos de mais mulheres em tecnologia!

Tanto no Brasil quanto nos outros países, grandes empecilhos para isso são a diferença salarial do homem para a mulher em algumas empresas e a falta de inclusão. Não adianta ter só diversidade se não temos um ambiente inclusivo – às empresas, é preciso capacitar a liderança e identificar comportamentos não construtivos para endereçá-los da maneira certa.

Só olhando com cuidado para esses pontos que vamos conseguir um ambiente verdadeiramente representativo. É uma mudança de cultura mesmo, e como qualquer mudança de cultura, é preciso tempo e consistência para se atingir o objetivo.

Recentemente, na Intel, balizamos o salário de todos os colaboradores apostando na equidade entre homens e mulheres. A Intel também atingiu no ano passado a meta de ter em sua força de trabalho o percentual de mulheres e outros grupos minorizados disponíveis no mercado de trabalho, mas sabemos que ainda há muito a fazer. 

E esses resultados não foram conquistados do dia para a noite, passaram por todo uma jornada de transformação cultural. Isso começa com o nosso CEO e perpassa todas as pessoas da Intel – essa jornada é algo que está presente em diversas atividades do nosso dia a dia.

Assespro-PR: Na sua opinião, o que uma mulher precisa fazer para alcançar uma alta posição executiva dentro das empresas de tecnologia?

Gisselle: O incentivo para a participação de mais mulheres na tecnologia tem que começar desde a infância. Hoje em dia, instituições como Cloud Girls e Programaria, parceiras da Intel, funcionam como uma rede de suporte para mulheres, que entendem as dificuldades do mercado e estão prontas para se apoiarem, tanto com capacitação, quanto com incentivo e auxílio.

Networking é essencial. Como comentei, eu sempre tive uma rede de apoio, com pessoas que me inspiraram, me incentivaram e me ajudaram a crescer e manter o foco. Isso foi primordial para que eu pudesse amadurecer e evoluir durante toda a minha trajetória profissional.

Ao longo da minha carreira sempre procurei conhecer melhor os meus pontos fortes e áreas de desenvolvimento. O autoconhecimento é extremamente importante e vem com o feedback e a autocrítica, algo essencial para que possamos saber onde queremos chegar e evoluirmos na carreira e como pessoas.

Porém, não podemos deixar a autocrítica nos limitar e impedir de tentar novos desafios, sair da zona de conforto e se arriscar. Para isso, é importante ter na mente que você não é definido pelos seus fracassos muito menos pelas suas conquistas, você é definido pelo trabalho e pela maneira como encara os desafios. 

Outra dica que eu acho muito importante é sempre entender o seu objetivo pessoal e profissional, e revisitar isso de tempos em tempos para conferir se está no que você acha ser o melhor caminho para você. Vai além de certo e errado, é o que é adequado ao que você busca.

É essencial procurarmos empresas e locais com valores e práticas que estejam alinhados aos nossos propósitos de vida. O melhor ambiente será sempre aquele onde nos sentimos acolhidos e que está em sinergia com os nossos valores.  

Assespro-PR: Como é ser líder numa área predominantemente masculina? 

Gisselle: No ano passado fui nomeada diretora geral da Intel no Brasil e sou a primeira mulher a assumir a função no país e uma das poucas no mundo. Ser pioneira é uma honra, mas também uma grande responsabilidade. Não só pelos objetivos de negócio no Brasil, que é um dos dez principais mercados para a Intel no mundo, mas também porque quero deixar uma marca e conseguir inspirar outras mulheres a se tornarem líderes, não só na Intel, mas em suas empresas, qualquer que seja o segmento.

Hoje eu sou líder do Comitê de Diversidade e Inclusão e como parte da minha gestão quero criar e promover um ambiente plural e inclusivo, capaz de estimular ao máximo o potencial das pessoas para que criem coisas incríveis.

O tema da inclusão de mulheres na tecnologia é de extrema importância e deve fazer parte da agenda de todo o board da empresa. Sabemos que ainda há um longo caminho a percorrer no que se refere à equidade de gênero nas empresas e ainda muito espaço para crescer. Como já destaquei, apenas 14% dos CEOs das grandes empresas são mulheres e apenas 7% das mulheres são chefes de estado no mundo. 

Ainda há uma parcela grande de mulheres que, infelizmente, são colocadas muitas vezes em posição de escolha entre família e carreira ou são menos consideradas para posições de liderança uma vez que demonstraram esse interesse.

Parte dessa mudança será possível à medida que ampliarmos cada vez mais o debate sobre o tema e desenvolvermos ações que possam inspirar as próximas gerações de mulheres.  

Para a Intel, toda voz é importante, e é preciso ouvir e agir para fazer a mudança acontecer. Em 2015, a Intel estabeleceu uma meta de contratação e retenção para alcançar a representação completa de mulheres e minorias sub-representadas na força de trabalho dos EUA até este ano, mas a meta foi atingida já em 2018, dois anos antes do previsto. A empresa destinou US$ 300 milhões para acelerar a diversidade e inclusão, não apenas na Intel, mas em todo o setor de tecnologia. Além disso, a Intel incentiva todas as empresas a trabalharem para tornar a diversidade uma prioridade global, por isso avalia cuidadosamente seus fornecedores e parceiros para que eles também estejam aliados aos valores e políticas da Intel.

No Brasil, por exemplo, onde somos considerados empresa-cidadã, oferecemos seis meses de licença-maternidade e 20 dias de afastamento remunerado aos pais contribuindo para uma dedicação maior à criança e melhor divisão das responsabilidades familiares. 

Assespro-PR: Existem outras mulheres na direção da Intel? A empresa possui programas para incentivar a entrada de mulheres na tecnologia? Quais?

Gisselle: A Intel trabalha e atua em todo o mundo para construir uma cultura de pertencimento, um espaço onde todos podem contribuir e dar o melhor de si. Um de seus pilares é o comprometimento com uma força de trabalho diversificada e inclusiva em todo o board da empresa, o que inclui mais mulheres na tecnologia.

Contamos com uma área dedicada à Diversidade e Inclusão, liderada pela nossa chief diversity & inclusion officer, Bárbara Whye – mulher, negra e símbolo que representa mudanças sociais positivas que estão por vir. Além disso, também temos mais de 30 grupos de afinidade que fazem parte do Employee Resource Groups (ERG), organizado por raça, nacionalidade, gênero, paternidade, habilidades diversas, educação e outras afinidades.

Um dos grupos de afinidade é o WIN (Women at Intel Network), cujo objetivo é criar e promover um forte ambiente inclusivo capaz de estimular mais mulheres na tecnologia, do qual sou líder. WIN é um comitê interno da Intel cujo objetivo é criar e promover um forte ambiente inclusivo capaz de estimular mais mulheres na tecnologia. É por meio dele que entendemos, por exemplo, junto a parceiros de negócios, que mulheres, cada vez menos, estão escolhendo cursos relacionados às engenharias, matemáticas, ciências e computação.

Com o WIN, queremos trabalhar a equidade de gênero na Intel, e, para isso, contamos com o apoio de homens também. Ideias iniciadas no comitê já trouxeram resultados de inclusão em toda a Intel. Em janeiro, por exemplo, a empresa balizou o salário de todos os empregados e implementou a equidade entre homens e mulheres. Além disso, em outubro de 2019, a Intel atingiu a meta de ter em sua força de trabalho o percentual de mulheres e outros grupos minorizados disponíveis no mercado de trabalho – meta que estava estimada para 2020. 

Vale pontuar que a Intel anunciou em maio deste ano as metas de responsabilidade corporativa para 2030, incluindo o seguinte objetivo: a presença de mulheres em cargos técnicos superior a 40% e dobrar o número de mulheres e minorias sub-representadas em cargos de liderança sênior.

A Intel também tem ciência da importância do tema fora da empresa, por isso, temos o compromisso de levar a inclusão para toda a comunidade. Parcerias com o Fórum LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), Cloud Girls – maior meetup de tecnologia voltado para mulheres do Brasil, e a própria Programaria, visam empoderar mulheres através da tecnologia, diminuindo a diferença de gênero no setor. Além disso, realizamos ações com empresas parceiras, tanto de tecnologia quanto voltadas para o cliente final, com o objetivo de incentivar essas conversas e mudanças dentro das outras organizações, para que a mulher esteja presente onde ela quiser e que possamos todos juntos, através da tecnologia, ajudar a construir o futuro.

Assespro-PR: Como você vê o futuro profissional das mulheres em TI no pós-pandemia?

Gisselle: Momentos de crise nos colocam à prova. Questionam nossos valores. Põem em xeque aquilo que dizemos ser. Isso tanto no âmbito pessoal, quanto no profissional. E é em um momento de crise que você realmente vê as cores verdadeiras das pessoas e que os hábitos e as vontades afloram. 

E isso tanto para nós enquanto pessoas, mas também enquanto empresas e sociedade. Pode ser o momento para as empresas olharem dentro da sua própria cultura e elaborarem maneiras de serem mais inclusivas, inclusive na área de TI.

Equipes diversas, com diferentes perspectivas, experiências e ideias, são mais criativas e inovadoras, o que resulta em um ambiente colaborativo e de apoio, força motriz do crescimento de uma empresa. A falta de representatividade das mulheres, seja na tecnologia ou em outra área majoritariamente masculina, afeta tanto no desempenho da cultura organizacional das empresas quanto nos lucros, e os próprios números comprovam isso. 

Um estudo realizado pelo Instituto Global McKinsey, por exemplo, feito com 366 empresas públicas do Canadá, EUA, Reino Unido e América Latina, mostra que empresas com um índice superior de diversidade de gênero têm 15% mais chances de obter retornos financeiros acima de sua média da indústria nacional. Se o público feminino fosse mais presente na economia global, possivelmente o PIB (produto interno bruto) gerado aumentaria em US$ 28 trilhões até 2025 – o equivalente às economias norte-americana e chinesa juntas.

Para funcionar, a inclusão tem que estar inserida na cultura da empresa. Para isso, é necessária uma liderança consciente, que saiba a importância de uma equipe mista para a geração de resultados – a mudança tem que começar de cima. Processos internos que incentivem dinâmicas da equipe, para gerar maior entrosamento e a inclusão de todos.

O Comitê Interno de Diversidade e Inclusão é uma prática que já deveria estar presente em todas as empresas que se preocupam com o avanço da companhia. Essas e mais ações são necessárias para contribuir com o mercado de trabalho, aumentar a diversidade, criatividade e percepção da sua equipe, além de, é claro, tornar a sociedade cada vez mais justa e igual para todos. 

Assespro-PR: Qual sua mensagem final para as mulheres que estão lendo a nossa coluna?

Gisselle: Precisamos de mais mulheres em tecnologia. De alguma maneira, precisamos aumentar o número de mulheres interessadas e criar ferramentas e recursos para apoiá-las tanto no início, mas também ao longo de suas carreiras. 

Muitas mulheres, infelizmente, são colocadas muitas vezes em posição de escolha entre família e carreira ou são menos consideradas para posições de liderança uma vez que demonstraram esse interesse. Como fazer para evitar que isso aconteça? 

Isso é parte dos nossos vieses inconscientes, algumas vezes, outras não. Construir esse novo ambiente diverso e inclusivo é um grande desafio que a Intel por meio dessas iniciativas que comentei tenta melhorar.

Acreditamos que, para atingir a igualdade de gênero, raça e as demais minorias, precisamos de políticas de todas as empresas. Todo mercado é responsável por esse movimento. Pensando nisso e nos objetivos da ONU (Organização das Nações Unidas) para 2030, a Intel incorporou esses objetivos em nossas estratégias e metas para daqui a dez anos. Isso porque a conversa de diversidade e inclusão é uma conversa que precisa acontecer no âmbito corporativo e as empresas precisam levar essa discussão e AÇÃO adiante se quisermos ver mudanças efetivas.

É uma jornada, precisamos ter consistência – tem que fazer parte da nossa cultura, exige um trabalho pessoal, mas também um impacto coletivo com todas as empresas para que mais mulheres possam entrar na área de tecnologia. Ou em qualquer área que elas quiserem.

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